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Sábado, 14 de Junho de 2008

Cheguei ao fim do caminho

É assim que me sinto, que cheguei ao fim de um caminho que ainda queria percorrer durante mais tempo. Mas não consigo, não vale a pena. Também temos de saber quando parar, quando desistir, quando seguir outro rumo. E é isso que eu tenho de fazer.

 

Cheguei a casa por volta das 20 horas, a correr, para ir dar a minha injecção do costume e tomar o comprimido que a acompanha. Antes fui à sanita e quando me limpei, lá vinha o papel sujo.

 

Fiquei tão irritada que agarrei nos medicamentos todos e meti-os no caixote do lixo. Depois arrependi-me e fui buscar algumas caixas ainda novas para dar à minha amiga Sandra que em breve vai iniciar este caminho para dar um mano ao seu filhote. Sem duvida que lhe vão fazer jeito.

 

Esta noite adivinhei tudo o que aconteceu. Acordei por volta das 4 da manhã com a total convicção de que a transferência não tinha resultado. Sabia que a partir de hoje cada dia contava como uma pequena vitória e tal como no ultimo tratamento, uma semana depois da transferência o periodo dava ar da sua graça.

 

Não vale a pena insistir. Para quê? Para me magoar mais? Para ter esperanças vãs? Para achar que posso ter mais um milagre na vida? Não, isso é nos filmes, é para as outras pessoas. Para mim não. Tenho um milagre na minha vida, o meu filho, que o é sem sombra de duvida. Tenho aqui mesmo ao pé de mim e mordo os lábios para não chorar ao pé dele, para não o deixar triste.

 

Ainda nem disse ao meu marido. Nem sei bem como o hei-de fazer. Acho que depois de adormecer o Dinis vou chorar um bocadinho no colinho dele, estou a precisar mesmo disso.

 

Mas também estava a precisar de escrever. Não me apetece falar sobre o assunto. Não consigo ter forças para mandar mensagens ou telefonar às minhas queridas amigas que tanto apoio me deram. Desculpem mas não consigo. Não tenho forças, não tenho coragem.

 

Escrever faz-me bem à alma, sempre fez. Desde criança que mantive um diário, onde escrevia não todos os dias mas principalmente quando estava triste, quando as coisas corriam menos bem. Eu falo muito, converso muito mas de mim digo muito pouco. Ajudo as pessoas no que posso, sou uma boa ouivinte. Mas quando toca a abrir o meu coração, não é nada fácil.

 

E neste momento sinto que estou numa curva da minha vida que não queria ultrapassar. Sei que nunca mais vou ser mãe. Sei que mais nenhuma vida vai crescer dentro de mim. Não vou voltar a sentir os primeiros movimentos de um ser novo nem a ouvir o seu coração bater pela 1ª vez. Não me posso queixar, já senti todas essas emoções uma vez, nem toda a gente o pode dizer.

 

Não vale a pena continuar, por muitas e variadas razões:

- porque mais uma vez o periodo veio uma semana após a transferência e a médica nem sabe explicar bem porquê;

- porque passei meses e meses a fazer análises e exames dos quais se concluiu que tinha problemas de coagulação e afinal isso não ajudou em nada;

- porque estes tratamentos são caros e eu e o meu marido vivemos exclusivamente do nossos trabalho; os meus pais faleceram já e eram muito pobres. A minha mãe deixou-me algum dinheiro que eu usei para quê: para fazer um tratamento que não deu em nada; afinal é tudo muito justo, podem fazer muitos abortos que o estado comparticopa sempre mas tentar ter filhos só podemos tentar no 1º filho;

- porque me sinto um pouco sozinha nesta minha busca do 2º filho; as pessoas todas acham que é um disparate voltar a tentar, uma perda de tempo e energia, se já tenho um filho, porque andar feita tonta atrás de uma utopia? Só mesmo as minhas companheiras de infertilidade me compreendem....

- e principalmente porque estou muito cansada. 12 anos é muito tempo a lutar por algo que para algumas pessoas é tão normal como respirar. Ter de levar injecções todos os dias que me deixam a barriga cheia de nóduas negra e caroços foi a ultima gota de água. Estou sem forças para continuar, sem coragem, infeliz, triste, sem esperança.

 

Enfim, se calhar é melhor assim. O meu filho não quer mesmo irmãos, diz que antes quer um gato ou um cão. Vai pois crescer como filho e neto unico, mimado até mais não. Hoje estive com os primos que tem um menino com mais 10 meses que o meu filho e outro de 7 meses. E estão pelos cabelos! O mais velho está terrivel, só faz disparates, só quer atenção e acho que eles desejam que o mais velho esteja na escola para terem um pouco de paz e sossego.

 

Era isto que eu queria para o meu filho? Sentir vontade de o ter longe? Assim que sai da casa de banho a primeira coisa que fiz foi pegar-lhe ao colo. Que saudades de o ter nos meus braços! Eele ainda precisa tanto de mim, do meu colo, dos meus mimos e não lhe podia pergar ao colo durante uns tempos. Ele dizia que eu tinha um doi-doi na barriga (ele via a minha barriga negra e dizia que era disso) e dava-lhe beijinhos para que eu ficasse boa depressa para lhe poder dar um colinho grande.

 

Enfim, procuro razões para não ficar tão triste, é assim que eu sou e é assim que vou buscar forças para continuar o meu caminho.

 

Mas sinto que preciso de me afastar da infertilidade uns tempos. Pode ser uma semana ou um ano, não sei. Não me sinto com coragem de ajudar as outras pessoas com palavras amigas ou com a minha experiência. Vou seguir as pessoas que gosto assim mais ao longe, se me envolver muito, pois neste momento sinto que a minha estabilidade emocional e psicologia está em risco. Tenho de lamber as minhas feridas, de me recompor e depois logo vejo o que vou fazer.

 

Se calhar passa-me já amanhã, não sei, mas que preciso de um tempo para me recompor, preciso sim. Porque eu não considerei que tinha chegado ao fim do meu caminho de infertilidade, nem quando o meu filho nasceu. Apenas fiz um intervalo enquanto estive gravida, assim que o meu filho nasceu voltei à luta para ser mãe de novo.

 

Agora não, acabou e não há volta a dar. Vou fazer 39 anos e nem vale a pena pensar de outra maneira. Porque estou cansada, muito cansada. E triste, muito triste.

 

A todas as que me apoiaram, muito obrigada por estarem ai desse lado e por terem paciência de lerem os meus testamentos e de me aturarem.

 

Aviso à navegação: este é o meu ultimo post em que a Tag é "infertilidade". Boa sorte a todas as que tentam ultrapassar a infertilidade e desejo que Deus vos ajude a sentir a felicidade que é ser-se mãe.

publicado por era1xeu às 22:59

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80 comentários:
De sonhoterumfilho a 14 de Junho de 2008 às 23:48
Minha querida Maria, é com uma enorme tristeza que te vejo partir assim. Estou de lágrimas a cairem no teclado, no fundo revejo-me em cada palavra tua, a vida é injusta com certas pessoas, e conosco tem sido por demais injusta. Eu compreendo a tua decisão amiga, até porque no dia em que o meu fim chegue, não sei se terei sanidade mental para andar sequer na net. Mas Maria, só chegou o fim para o filho biolígico, mas ainda vais ser novamente mamã desta vez mamã do coração, amiguinha, só não é gerado na tua barriga, pensa nisso, agarra-te a isso, por favor, custa-me tanto ver-te assim...tanto...se eu pudesse, meu Deus, se eu pudesse...
Amiga, tu sabes onde me encontrares se precisares. Neste momento só tenho a minha amizade para te oferecer, porque se pudesse oferecia-te o filho que tanto desejas.
Eu estarei sempre a acompanhar-mesmo que te ausentes do meu cantinho.
Um bj enormeeeeeeeeeee do meu coração directamente para o teu
Susanab
De Helena a 14 de Junho de 2008 às 23:56
Senti uma tristeza profunda ao ler este teu post, não imagino a frustação, a dor que deve ser :(
Tens toda a razão quando falas nos apoios do estado para fazer IVG e no entanto pelo pouco que sei em relação à infertilidade ainda há um longo caminho a percorrer :(
Sinto-me triste por ti, não sei explicar ou até sei mas prefiro neste momento não dizer. Acho que tens direito a esta revolta, chora e procura apoio no teu marido, chorar faz bem e refresca a alma.
Amanhã é um novo dia...que seja mais feliz que o de hoje.
Um beijinho especial deste lado do PC.
De A Nossa Estrela a 15 de Junho de 2008 às 00:52
Ao contrário de ti, sou péssima a escrever...por isso perferia estar agora ao pé de ti para te dar um miminho mto grande e poder chorar contigo. Estou muito triste!
Beijinhos
Sandra
De Bunny a 15 de Junho de 2008 às 01:12
Minha querida,
espero que estejas melhor.
Muita força! E seja qual for a tua decisao, estamos sempre contigo.
A esperança é a ultima a morrer amiga!
Aceita este abraço apertado.
Muita Luz
Bunny
De littleprincess a 15 de Junho de 2008 às 02:22
Amiga,

Como te compreendo. Tb eu luto por 1 segundo filho e muitas vezes me sinto injusta em querer tanto algo que já tenho. Imagino a tua dor e o pensar que chegaste ao fim, quem sabe não é o fim ainda.
Sei como te sentes perfeitoamente. Tb eu sou feliz, tenho 1 filha linda, mas parece q algo falta p me completar... falta-me o sabor de mais um filho e poder acreditar que o que desejamos muito acontece. Estendo-te a mão como se apenas um espelho nos separasse, pois afinal consigo ver-me em ti.

Um abraço infindavel de carinho.

Sónia
De magofra a 15 de Junho de 2008 às 07:11
Olá amiga . Nem sei bem que dizer-te , só que acho que sei o que sentes. Pois tb eu hoje acordei com a sensação da chegada do maldito período . Para já é alarme falso mas nunca se sabe . De qualquer maneira quero dar te um beijo enorme do tamanho do mundo .Amiga tenta encontrar força no teu lindo principezinho e no teu amor de mãe e esposa . se precisares de mim estou aqui . coragem AMIGA BEIJO GORETE
De Sandra a 15 de Junho de 2008 às 08:45
Querida Maria.
Neste momento não consigo encontrar as palavras certas para te consolar.... nunca se consegue.
Deixo-te um beijinho muito grande.
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Querida Maria. <BR>Neste momento não consigo encontrar as palavras certas para te consolar.... nunca se consegue. <BR>Deixo-te um beijinho muito grande. <BR class=incorrect name="incorrect" <a>SMelo</A>
De Linatorga a 15 de Junho de 2008 às 09:25

Amiga, não tenho uma unica palavra para te dizer que te tire dessa tura tristeza, pouco posso fazer para te animar, estou completamente destroçada e choro ao ler as tuas palavras.

Um abraço muito, muito forte e estarei sempre por aqui, foste sempre um exemplo de luta e coragem e estes anos não seram nunca apagados das nossas memorias.

Beijocas
Li
De Raquel R. a 15 de Junho de 2008 às 13:08
só passei pra deixar um beijinhos grande!!!
desanuvia a cabeça e curte muito o Dinis!
bjs
De sofia a 15 de Junho de 2008 às 14:14
Olá querida mamã, tens um miminho no meu blog, espero que gostes!
Beijinhos, Sofia,Pedro e Joana

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